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Pereira Liderança do Rio de Janeiro escreve sobre evento em Vinhedo/SP

RELATÓRIO DO EVENTO
Entre os dias 06 (seis) a 08 (oito) de Agosto do corrente ano aconteceu na cidade de vinhedo – SP, o V Congresso Brasileiro de Guardas Municipais e Segurança Pública e no mesmo evento ocorreu o IV Encontro de ROMU.

Foi um evento acima da média que falarei mais a frente, pois começo este relatório detalhando os primeiros passos que considero muito importante citando as visitas as Guardas Municipais das cidades de Volta Redonda onde fomos
recebidos pelo Comandante D’alessandro e Resende pelo Superintendente Laurindo.

Visitas estas muito enriquecedoras as quais contribuíram e muito para o nosso aprendizado e nortearam nossa visita no que tange como estamos em relação às demais instituições. Destaco nosso efetivo, pois estamos entre as três maiores cidades que possuem guardas municipais, independente do que irão falar também destaco o plano de cargos (percebi a grande dificuldade de aprovação entre as demais cidades, mas também enalteço as formas operacionais de atuação destas co irmãs que mesmo com efetivo reduzido contribuem e são atuantes em seus municípios na redução da violência), ressalto também um grande passo de nossa instituição que foi a criação da Patrulha Maria da Penha observando que muitos municípios ainda não possuem este grupamento tão importante nos dias de hoje. Triste em conhecer a realidade dessas duas instituições que outrora eram armadas e contribuíam e muito na segurança pública e mesmo diante de tantas dificuldades não se renderam e continuam realizando seus serviços em prol de defender e ajudar os cidadãos de bem. Quanto a estrutura também percebi o quanto precisamos crescer, precisamos de investimentos para estruturarmos nossas dependências e em especial promover qualificações e capacitações dos nossos agentes, pois entendo que só seremos referência e obteremos êxito se formos nessa direção. Agradecer a receptividade dos Comandantes dessas duas instituições por abrirem as portas e nos receberem tão bem. Claro que estreitamos os laços e nos colocamos a disposição deles, pois entendemos a importância dessas visitas que une e nos tornam mais integrados. Terminando nossa visita partimos rumo a Cidade de Vinhedo – SP para participarmos do V Congresso de Guardas Municipais.

Que evento grandioso, 142 cidades inscritas e segundo a organização estiveram presentes 125 cidades de todo o Brasil. O evento contou com a presença de diversas autoridades e alguns palestrantes que abordaram muitos temas relevantes relacionados a segurança pública,em especial voltados para as guardas municipais. Neste grandioso evento também foram coroados o Mister Policial Municipal e a Miss Policial do concurso de Guarda mais belo e bela do Brasil, além de inúmeras e merecidas homenagens aos guardas que se destacaram na segurança. Enfim, que cidade aconchegante, aliás, uma das três cidades mais seguras do país, ressaltando que há dois anos não ocorre um homicídio (impressionante), Dados estes anunciados na fala do Prefeito da Cidade de Vinhedo Jaime Cruz, segundo o “Instituto Sou da PAZ” e a Guarda teve papel fundamental com uma Gestão Integrada com o apoio das demais forças e uma central de vídeo monitoramento de ponta, ferramenta essa que virou uma grande aliada na redução da violência.

Também tive a honra de rever o Secretário de transportes e defesa social a qual sou muito fã, Osni Aparecido Cruz que está a 11 anos como comandante (de GCM a comandante e hoje Secretário) Cmte Cruz a quem refiro com respeito, admiração e carinho sempre foi um especialista em segurança pública e um dos mais talentosos palestrantes que tive o prazer de ouvir ,aprender e admirar falou sobre a importância do evento não só para a cidade, mas também para as guardas municipais e se referiu aos guardas como o futuro da segurança pública. Destacou o evento que teve o objetivo de integrar e compartilhar as informações de segurança pública que são relevantes ajudando outras instituições. Em Vinhedo também tive a honra de conhecer os GCMs Sivaldo e Regina aos quais só conhecia por redes sociais, GCM Sivaldo fez a escolta do General Guilherme Theóffilo Secretário Nacional de segurança Pública (senasp) o que considero uma honra e tive o privilégio de conhecer este grande profissional a quem parabenizo pela postura e educação. Outra GCM foi a Regina uma das gfem que nos recepcionavam com toda atenção, carinho e dedicação, foi muito gratificante conhecer estes dois colegas de profissão, aliás, preciso render todas as minhas singelas homenagens a equipe de gfems de Vinhedo pela impecável apresentação, um luxo que abrilhantou ainda mais o evento tornando-o ainda mais grandioso.

A Fala do Secretário Nacional de Segurança Pública foi muito importante e destacou a iniciativa do Ministério da Justiça e segurança pública voltada para as guardas, reforçando a importância das mesmas já que segurança pública começa nos municípios e que o reconhecimento do trabalho dos guardas municipais devem ser priorizados destacando a estrutura da Guarda de Vinhedo e sua organização. (Instituição mostrou competência em estruturar com os equipamentos de ponta e uma capacitação de excelência seus agentes demonstrando compromisso com a segurança pública e consequentemente com seus munícipes). O Secretário reforçou o apoio incondicional as guardas através da Diretoria de políticas de segurança pública da senasp com cursos de capacitação, do programa pró-vida ofertando mais qualidade de vida aos profissionais de segurança.

Já o Presidente do Conselho Nacional das guardas Carlos Alexandre Braga falou do evento que considerou de extrema relevância que visa integrar as guardas na troca de experiências aproveitando a presença de diversas autoridades, dentre elas a do senasp e ressaltou a importância das guardas que se tornaram imprescindíveis e uma realidade na segurança pública, pois são comunitárias e mais próximas das pessoas. O Conselho foi parceiro na realização do V Congresso Brasileiro de Guardas Municipais e Segurança Pública.

Uma grande palestra que foi proferida no congresso foi realizada pelo Delegado Chefe da Polícia Federal Dr. Diógenes Perez de Souza, também responsável pela liberação do porte de armas para as guardas do Estado de São Paulo. Ele salientou a importância das guardas municipais que tem papel de relevância no que tange uma característica de fazermos polícia comunitária, pois considera um grande trunfo a relação de confiança dos munícipes devido esta proximidade dia a dia na atuação das guardas destacando o trabalho da Guarda Civil Metropolitana.

Uma evolução na segurança pública que vem ganhando destaque e cada dia mais apresentando resultado satisfatório contribuindo na redução da violência das cidades.

Outro que palestrou e também considero um dos destaques como orador foi o Coronel de Exército José Arnon dos Santos Guerra , Coordenador Geral de políticas para a sociedade – Senasp com uma fala interessante sobre as guardas municipais, pois além de simpatizante tem um profundo respeito e se mostrou um conhecedor do papel de relevância que hoje possui as guardas municipais destacando a instrução e esclarecimentos como instrumentos para o caminho da reestruturação das guardas, pois a instrução por meio da formação, capacitação e requalificação de seus agentes os tornarão mais bem preparados e o esclarecimento através do conhecimentos por meio de engajamento das nossas autoridades no que tange a reestruturação das instituições, ressaltou a importância das autoridades presentes ao evento.

Dr. Diógenes Perez também falou sobre a Aplicação dos Novos Decretos Federais para as Guardas Municipais dirimindo todas as duvidas sobre aquisição, porte e calibres, além de produtos químicos. Importante ressaltar a participação do GCM LIMA da Cidade de Macaé que entrevistou o palestrante sanando todas as suas duvidas através de um conjunto de perguntas ao palestrante.

Outro Momento de grande orgulho (orgulho por ter vencido o concurso o Gm Dos Anjos de Macaé)foi quando aconteceu a coroação do concurso “MISS POLICIAL MAIS BELA e MISTER POLICIAL MAIS BELO”
O qual após várias etapas foram divulgados os vencedores:
GCM Dos Anjos GUARDA MUNICIPAL DE MACAÉ – RJ.
GCM SHEILA MAYRA GUARDA MUNICIPAL DE PIRACICABA – SP.

Encerrando o evento aconteceu o IV encontro ROMU com exposição de viaturas e depois desfile das viaturas pelas ruas da cidade. Vereador Jones Moura também falou sobre as guardas mais e sua importância sem produtividade, mais do mesmo. Precisa evoluir muito.

Também foram realizadas palestras voltadas para as novas tecnologias com o responsável da empresa Techscan sobre proteção balística.

Stand da Condor com a realização de disparos de arma de condutividade elétrica. Tecnologias não letais de interesse das guardas municipais.

Stand da MOTOROLA tecnologias em sistemas de comunicação.

Stand da CPN informática (software para gestão das guardas municipais).

Nestes três dias de evento me senti muito honrado em fazer parte deste que considero um dos mais importantes eventos ao qual participei sobre segurança pública em meus 20 anos de guarda municipal, foi muito enriquecedor e tive uma sensação muito grandiosa sobre os níveis de crescimento e amadurecimento sobre as guardas municipais que por acreditar e fazer parte me tornei um apaixonado e de forma enriquecedora aumentei e muito minha visão sobre o futuro da segurança pública, não importando o setor ou departamento, pensar segurança pública notoriamente temos que abrir as nossas mentes, portas e transpor os inúmeros obstáculos que ainda estão por vir, mas que jamais serão impedimentos para o nosso crescimento, pois somos uma realidade e hoje o que mais tem de avanço e novos horizontes quando se fala ou pensa segurança pública, aliás, não se pode nos dias hoje se pensar discutir segurança pública sem citar ou inserir as guardas municipais, somos a caçula, mais somos os mais dispostos a contribuir para mudar a historia da segurança.

Outro fator positivo fica por conta dos reencontros que estes eventos nos proporcionam, afinal reverem grandes amigos nos motivam e nos emocionam e também fazer novas amizades é fundamental na construção do nosso futuro como seres humanos. Irei começar pelo reencontro com um grande irmão que ganhei ao longos desses anos, GCM De Lima de Piracicaba – SP, um grande ser humano de uma humildade incrível, um profissional ímpar apaixonado pelas guardas municipais que mesmo afastado das ruas pelo acaso da vida jamais deixou se abater sempre motivado e com um lindo sorriso no rosto é só maravilha, maravilha, (seu bodão) contribui e muito para a formação de novos guardas, assim como na reciclagem de outros, desenvolvendo ainda um trabalho de divulgação nas mídias sociais através de um sindicato atuante, sem contar nas edições da revista BAM, como foi prazeroso te rever meu amigo, me sinto honrado fazer parte do seu rol de amigos. GM Valdecir de Mangaratiba grande ícone das guardas do Rio e um cara que sou fã, pois está sempre presente nos grandes eventos procurando se atualizar e representando nosso estado, respeitado onde vai e um profissional imbuído em ajudar no crescimento das guardas. GCM Almiro de Petrópolis RJ, um cara esforçado e preocupado em se manter atualizado que procura se fazer presente aprendendo para dividir o conhecimento com seus pares, também sou fã desse amigo e um admirador da sua luta. GCM Heleno de Caxias RJ, uma grata surpresa pela sua dedicação em buscar conhecimento e propagar para seus pares, um cara extremamente profissional que vem elevando a instituição com as experiências adquiridas ao longo desses anos frutos da participação de cursos e eventos que o mesmo vem participando.

GCM Beatriz, PC Elaine Cristina duas amigas especiais que conquistei ao longo desses anos as quais virei fã. Exemplo de mulheres guerreiras e amigas. Coordenador de Ensino Samuel de Vila Velha a qual tenho um grande respeito e que vem crescendo de forma avassalador com um alto nível de conhecimento o que o tornou responsável pelo departamento de ensino, um grande ser humano que mostrou o seu valor quando as guardas do ES sequer eram conhecidas e hoje o mesmo divulga e eleva as guardas do estado. Assim como Samuel cito a Cmte Elisângela de Vila Velha mulher guerreira que chegou ao cargo por mérito. GCM Alexandre o qual tive a honra de conhecer pessoalmente, o mesmo mora em vinhedo e trabalha em Santana de Parnaíba – SP, um cara muito voluntarioso e excelente profissional, se apresentou e se mostrou extremamente parceiro me dando toda atenção e se colocou a disposição para o que precisasse, enfim só tenho a agradecer por tudo e fiquei extremamente impressionado com o que vi nestes dias de eventos, me impressionou e chamou minha atenção a postura e garbosidade, aliás, enalteço a apresentação individual dos guardas civis presentes, tanto no uniforme traquejado, quanto nos equipamentos bem cuidados, sem contar que a cultura dos operadores em não fazerem uso da barba, mesmo sendo guardas civis. Aparência que impõe respeito, postura que transmite segurança e uma educação oriunda de formação no caráter e na disciplina respeitosa que carregam entre si.

Claro também citarei uma matéria que li sobre as ROMU que são cópias ou tentam imitar o trabalho das policias militares, bom o que percebi foi que felizmente os caras são policiais municipais e tendo em vista receberem um treinamento bem amplo e apenas observando as normas de segurança na atuação diária pelas ruas de forma enérgica e visando sempre não só a segurança de si, dos parceiros e também da população se torna fundamental exercer da melhor forma o seu papel pelas ruas das cidades e quanto a visão truculenta das ROMU defendo sempre que as guardas possuam corregedorias para que sejam apuradas as condutas de seus operadores, no mais são imprescindíveis em todas as guardas e já adianto que vocês fazem a diferença dentro de suas instituições.

Enfim, gostaria de utilizar este espaço para agradecer o Secretário de Ordem Pública, DR. Daniel Bandeira, o Secretário de Mobilidade Urbana SR. Carlos Roberto, o Coordenador de Trânsito Adriano Barbosa, o EX. Comandante da Guarda de Macaé Antônio Carlos Ribeiro Rodrigues, aos colegas de trabalho que se fizeram presentes Inspetor Israel, GCM Lima, GCM Dos Anjos pelo comprometimento que tiveram nestes dias de congresso demonstrando um alto grau de companheirismo e profissionalismo elevando o nome da instituição da guarda de Macaé.

Adilson Neves Pereira
Coordenador GM Macaé
Mat. 7.20.001

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“VIOLÊNCIA NÃO É FORÇA, MAS FRAQUEZA “

#Avisoaosnavegantes

Segue artigo importantíssimo abaixo para estudos e debates, onde as Guardas Municipais devem se especializar e não cairem nos mesmos vícios.

#ComandanteNaval

“VIOLÊNCIA NÃO É FORÇA, MAS FRAQUEZA “

Segurança pública que recorre à truculência é um atestado de fracasso do Estado. A solução pode estar no urbanismo social

Tomas Alvim, Marisa Moreira Salles, Eliana Sousa Silva e Ricardo Balestreri|19 abr 2024_16h28

Diante do noticiário dos últimos meses, que mostra a persistência da criminalidade e o fracasso dos meios empregados para contê-la, a frase que dá título a este artigo – escrita pelo pensador italiano Benedetto Croce (1866-1952), que observava se tratar de uma definição “agradável” ao senso comum – é oportuna. Faz pensar sobre qual deveria ser, afinal, o papel do Estado frente aos episódios de violência que acontecem continuamente no país. E também nos impõe a reflexão sobre o grau de tolerância que temos, como seres humanos, com a naturalização da violência no cotidiano, o que leva a uma sensação de impunidade – e de esgotamento.

É evidente que, em muitas frentes, o Estado vem perdendo força na sua missão e sentido originários. Ele, que deveria garantir a segurança como um direito social – a exemplo da educação, da saúde, do trabalho, da moradia –, está deixando escapar a soberania sobre a atuação que deveria ter. Não se pode aceitar que o Estado fortaleça práticas reativas e belicistas, marcadas por operações policiais espetaculosas, intensos confrontos armados e aumento da letalidade de agentes de segurança.

Conforme preconizado pela Constituição Federal em seu artigo 144, a segurança pública é “dever do Estado”, devendo ser exercida para “a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. E há que se destacar, claro, a importância de todos os entes federativos na garantia desse direito – cumprindo as funções de suas instituições de segurança e integrando-as com outras políticas públicas. No entanto, quando o Estado troca o trabalho ostensivo e preventivo das polícias militares por ações reativas e repressivas em favelas e periferias, nota-se um indisfarçável sinal de mau funcionamento desse sistema. Mais: quando não se priorizam investimentos na capacidade investigativa das polícias federal e civis estaduais, constata-se a tibieza do Estado e um inegável desvio do exercício dos seus deveres constitucionais.

Além de evidenciar o alarmante poderio das facções criminosas, a recente alta dos tiroteios e operações policiais desastrosas – sem contar a demonstração de péssima administração de um presídio de segurança máxima – revela a incapacidade do Estado de garantir à população um direito fundamental.

Isso salta aos olhos, sobretudo quando o trabalho de ostensividade da PM vira sinônimo de abuso de poder – muitas vezes na abordagem a determinados indivíduos e populações ou em operações que, não raro, assumem um caráter mais ostentatório do que ostensivo.

A truculência tem sido notória em intervenções do Estado em regiões onde muitos direitos ainda não alcançam devidamente a população. Tome-se, por exemplo, a Bahia, em que confrontos entre grupos civis armados vem apavorando a população. Segundo o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho de 2023 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a Bahia foi o estado que mais produziu mortes em intervenções policiais, saltando de 1.335 em 2021 para 1.464 em 2022. Lá, o mês de setembro de 2023 terminou com 56 mortes decorrentes de intervenções policiais

Importante sublinhar que essa forma de atuação em nada tem contribuído para a redução da criminalidade. De acordo com o Fórum, a Bahia liderou o desolador ranking de mortes violentas intencionais, com 6.659 registros em 2022. Desde 2019, o estado registra o maior número absoluto de mortes violentas do país. Se o parâmetro for o de mortes violentas por 100 mil habitantes, a Bahia fica na segunda posição, com índice de 47,1, contra 50,6 do Amapá, o primeiro da lista. Quando comparados com os índices das maiores cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, esses números são espantosamente elevados, já que a capital paulista registrou no ano passado 8,4 mortes por 100 mil habitantes, a menor taxa nacional, enquanto no Rio o índice foi de 27,9, o que o colocou na 17ª posição no levantamento.

O enfrentamento à criminalidade frequentemente desemboca em outro entendimento equivocado do que vem a ser polícia ostensiva. As políticas de segurança pública no país têm priorizado, ao longo da história, o uso da força – estratégia que vem se mostrando repetidamente ineficaz na chamada guerra às drogas. Um exemplo foi a ocupação do conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, pelas Forças Armadas, por catorze meses, entre 2014 e 2015. É possível afirmar que o uso da força e o custo elevado dessa operação, de 1,2 milhão de reais por dia, totalizando 529 milhões de reais ao final da ocupação, não reduziram a violência armada no local, segundo nota da organização da sociedade civil Redes da Maré, que há mais de duas décadas atua na região.

A nota veio a público no ano passado, após a notícia de que ocorreriam na Maré ações conjuntas de forças policiais dos governos estadual e federal. Dizia a nota: “Outra estratégia comumente utilizada (…) é a escolha das operações (…) nas favelas cariocas como principal modo de enfrentamento a grupos armados. Essas intervenções provocam mortes, inúmeras violações de direitos e diversos impactos no cotidiano dos moradores.” Tais operações, obviamente, também colocam em risco a vida dos policiais, que nem sempre se apercebem, com a devida clareza, do altíssimo ônus, para si e para suas famílias, de estarem sendo usados pelas autoridades políticas há mais de quarenta anos como executores de uma estratégia populista e falida.

Some-se ao risco inerente da “guerra às drogas” a ocorrência, citada no documento do FBSP, de mortes em confronto ou por lesão não natural fora de serviço. No ano passado elas chegaram a um total de vinte. “As mortes de policiais em confronto ou por lesão intencional provocada por terceiro fora de serviço, coincidência ou não, constituem a informação que menos expõe a responsabilidade do Estado desde o campo da segurança pública, frente à proteção dos respectivos profissionais”, ressalta o Anuário.

Embora tenha caído em relação a 2021, o número de suicídios de policiais, assunto de pouca transparência no Brasil, também salta à vista. No ano passado, 69 PMs e 13 policiais civis puseram fim à própria vida, o que evidencia o peso psicológico de seu trabalho. Com razão, o Fórum sustenta que “a falta de clareza sobre os dados de mortes de policiais em decorrência de lesão autoprovocada ou autoextermínio/suicídio afeta não apenas a categoria dos policiais, mas os rumos da Segurança Pública”.

Só falamos, até aqui, de um tipo de fracasso do Estado. Há outros, como o domínio, por parte de milícias, de vastos territórios, a ponto de trazer prejuízos para atividades econômicas. Empresas produtoras de energia solar desistiram de atuar em regiões do interior do estado do Rio, por exemplo, porque o preço que teriam de pagar para grupos criminosos que exercem o controle territorial era abusivo, além de ser algo que se caracterizaria como fora do controle do Estado.

Esse modelo de atuação extremamente violenta no combate à criminalidade se cristalizou como um fracasso no campo das políticas de segurança pública ao longo de mais de quatro décadas. Nesse período, assistimos não ao enfraquecimento dos grupos armados, mas à sua expansão por todo o território nacional. O Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) se alastram em diversas regiões. A experiência das milícias no Rio, em particular, chama atenção, seja pela sua capacidade de articulação com a estrutura estatal, seja pelo seu avanço territorial. Segundo estudo do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), entre 2006 e 2021 a extensão de domínio das milícias aumentou 387%, em áreas onde vivem ao menos 4,4 milhões de pessoas. O que temos assistido é à perda de soberania do Estado em alguns territórios, e não apenas na esfera da segurança pública. A solução para os danos gerados por esses grupos exige que a segurança seja estendida para além da sua dimensão policial e articulada com outras políticas públicas estruturantes.

Não há dúvida de que as forças policiais exercem uma atividade fundamental para a sustentação da ordem democrática quando agem em favor do direito à segurança, sempre nos parâmetros da legalidade e também da ética que inspira as leis. Em consonância com seu papel constitucional, o Estado tem o dever de garantir segurança pública a todos. É preciso que haja, sim, o que se convencionou chamar de “saturação policial”– isto é, uma política de permanência e proximidade nos ambientes que correspondem às manchas armadas criminais mais lesivas à cidadania. Porém, ela deve ser acompanhada de uma “saturação” de oportunidades de inclusão.

A transformação de Medellín, na Colômbia, e os bons resultados em cidades como Recife e Belém, no Brasil, atestam a eficácia da aproximação entre segurança pública e urbanismo social. É uma política que permite olhar as cidades e pensá-las por uma perspectiva que prioriza o desenvolvimento de políticas públicas nas áreas que apresentam os piores indicadores sociais.

Precisamos analisar o que aconteceu com Medellín, que foi considerada, na década de 1990, a cidade mais violenta do mundo, com taxa anual de homicídios na casa dos 300 por 100 mil habitantes, aterrorizada pelo narcotráfico liderado por Pablo Escobar. Em 2013, entretanto, a metrópole colombiana recebeu o título de cidade mais inovadora do globo, em um concurso promovido pelo Wall Street Journal, em parceria com o Citigroup. Esse prodígio foi alcançado graças a uma intervenção urbanística e social sem precedentes, sobretudo nos territórios mais vulnerabilizados e com maiores desigualdades sociais.

O conceito de urbanismo social, que se tornou notório no mundo a partir do exemplo colombiano, tem como palavra-chave a inclusão. Foi possível ver que, a partir dessa perspectiva, a transformação real na vida das populações mais pobres venceu a violência em Medellín. Uma vitória baseada na ideia de que a vida na cidade deve ser sinônimo de cidadania.

Mas como se chegou a tal resultado em um lugar tão improvável? Por meio de uma grande “concertação” da sociedade civil, sob a batuta do estado de direito, representado, no caso, pela municipalidade. O diálogo entre o setor público, o privado, a academia e as comunidades tornou realidade algo que parecia utópico. 

Primeiro prefeito de Medellín comprometido em executar um plano de ação com base no urbanismo social, o professor de matemática Sergio Fajardo comandou a cidade entre 2004 e 2008. Pôs em prática, ao lado de nomes como o comunicador Jorge Melguizo, ex-secretário de Desenvolvimento Social e de Cultura Cidadã, e dos arquitetos Alejandro Echeverri e Carlos Mario Rodríguez, uma autêntica agenda social; uma política de universalização de benefícios, no sentido republicano da expressão.

Essa política foi mantida por Alonso Salazar, jornalista investigativo que se elegeu prefeito para um mandato de 2008 a 2011. Na gestão de seu sucessor, Anibal Gaviria (2012-2015), Medellín recebeu o mencionado título de cidade mais inovadora do mundo. É importante frisar: o enfrentamento aos históricos e altos índices de violência ainda persistentes no início dos anos 2000 foi articulado com inteligência e muita firmeza em relação aos grupos criminosos, mas também por meio de iniciativas que tinham o objetivo de diminuir a desigualdade social na cidade.

O que se priorizou em Medellín foi a elaboração de um plano de trabalho que reposicionou as forças policiais. Ele incluiu não apenas o uso da inteligência e da força quando necessário, mas também, prioritariamente, o afastamento dos profissionais àquela altura contaminados pela corrupção, que poderiam alimentar práticas danosas ao poder público.

Do caso colombiano, podemos destacar a construção de grandes equipamentos públicos-âncora, como as Unidades de Vida Articulada (UVA) e as Bibliotecas-Parques. Pensados para atender a uma altíssima qualidade arquitetônica, com rapidez na entrega, esses projetos foram acompanhados de um diálogo permanente com a população local. A perenidade da política de inovação levou Medellín a ser o que é.

O urbanismo social tem como ideia-força pensar as cidades a partir de uma lógica de equidade, priorizando projetos em regiões onde o acesso universal às políticas públicas ainda demandam atenção, esforço, inventividade e uma perspectiva política de superação de visões preconcebidas, preconceituosas e racistas. Estamos falando, especificamente, de pessoas que moram em áreas com baixos indicadores sociais e que penam com a falta de acesso a direitos elementares como saneamento básico, educação, saúde, mobilidade, habitação e arte.

Figuras-chave do urbanismo social de Medellín reconhecem que aprenderam muito com o projeto Favela Bairro, programa de urbanização de favelas realizado pela Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro entre 1994 a 2000, sob o comando do então secretário Sérgio Magalhães. Com base nessas referências, entendemos que o Brasil já não precisa mais se ater exclusivamente às ideias desenvolvidas pelos colombianos. Também em nosso país o urbanismo social começa a ser implantado – e com bons resultados. A história brasileira, é claro, ensina que é preciso parcimônia ao se analisar experiências de urbanismo e modelos de segurança pública cidadã. Premidos por uma cultura de populismo político, excelentes programas têm sido descontinuados ou substituídos, muitas vezes por ações de efeito midiático. O clientelismo e o loteamento político têm feito naufragar, tristemente, iniciativas de alto potencial transformador.

Apesar disso, duas experiências brasileiras merecem ser citadas como fontes de esperança: a dos Compaz, em Recife, e a dos Terpaz/Usinas da Paz, no Pará, especialmente na Grande Belém. Na capital pernambucana, os Centros Comunitários da Paz (Compaz), foram concebidos para superar e prevenir a violência, promovendo a inclusão social e o fortalecimento comunitário. Os centros abrigam biblioteca, salas de aulas para cursos de idiomas, empreendedorismo e robótica, quadras poliesportivas, centro de treinamento de artes marciais, piscinas e serviços como assistência social, mediação de conflitos e defesa do consumidor, em um modelo que guarda semelhanças com o Centro Educacional Unificado (CEU), implantado em São Paulo há pouco mais de vinte anos. O primeiro Compaz foi inaugurado em 2016 e o segundo, em 2017. No primeiro ano de funcionamento das unidades, os índices de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) caíram, respectivamente, 27,3% e 35% no raio de 1 km de cada centro.

Em Belém, tudo começou em 2019, quando o governo estadual instituiu o programa Territórios pela Paz – Terpaz, com o propósito de reunir um conjunto de políticas públicas focadas no enfrentamento à violência nas áreas mais vulnerabilizadas do estado. O trabalho que vem sendo realizado tem como foco a prevenção e a mediação de conflitos, atuação nos âmbitos do aumento do emprego e da renda, melhoria das políticas públicas de habitação, saúde, esporte, tecnologia e inclusão digital.

A partir da construção de equipamentos públicos chamados de Usinas da Paz – Usipaz, o governo tem buscado concretizar a oferta de serviços nos campos da educação informal, lazer, esporte, saúde, cultura, convívio comunitário e resolução de conflitos. Com isso, a população pode exercer direitos aos quais antes não tinha acesso. As usinas funcionam como “equipamentos-âncora” na transformação desses territórios.

A primeira etapa de implementação foi concluída em 2022, com nove Usipaz construídas (sete na região metropolitana e duas no interior). Segundo informações da Secretaria de Inteligência e Análise Criminal (Siac), a ocorrência de crimes violentos nos sete bairros da região metropolitana de Belém alcançados pelo programa caiu, em média, 86% nos primeiros oito meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2018.

Em contraste, podemos pensar os motivos que acarretaram políticas fracassadas em outros estados brasileiros. Sem dúvida, algo que chama atenção nesses casos é a priorização da política de enfrentamento ao crime baseada em uma estratégia belicista, sem respeito às populações que vivem nas áreas afetadas.

Nos bons exemplos da Colômbia e do Brasil, vemos que não se faz segurança pública sem as forças policiais – tampouco somente com elas. É preciso incorporar uma dimensão urbano-social para termos êxito. Não podemos tolerar a escalada da violência sem precedentes em algumas regiões. Precisamos construir cidades mais inclusivas, com mais equidade no acesso a direitos e com políticas públicas que, de fato, diminuam a desigualdade social. É preciso refletir sobre outras abordagens de segurança pública. O trabalho dos policiais deve priorizar a vida como bem maior, a partir dos preceitos constitucionais.

Disseminar essa agenda é um dos objetivos do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, que tem em sua estrutura o Núcleo de Segurança Pública, Urbanismo Social e Territórios. Esse trabalho teve início em 2020, quando o laboratório instaurou o primeiro curso de pós-graduação do país dedicado aos estudos do Urbanismo Social, em parceria com o Itaú Cultural. O curso agora está em sua quarta turma. Nessa trajetória, o Laboratório Arq.Futuro de Cidades vem produzindo conhecimento sobre urbanismo, tendo como orientação a superação da desigualdade social e a garantia da democracia. Um exemplo dessa atuação foi a publicação, em março de 2023, do Guia de Urbanismo Social. 

O Brasil tem cerca de 85% de seus habitantes vivendo em cidades, quase um quarto deles em situação de pobreza ou pobreza extrema. Entendemos que as soluções dos problemas das populações urbanas – entre elas a violência – passa, inapelavelmente, pela escolha de uma gestão compartilhada, uma concertação de diferentes agentes públicos e privados, em um tipo de dinâmica que diz respeito a toda a sociedade.

É preciso não apenas enxergar os territórios invisibilizados, mas ouvi-los também. É urgente a construção coletiva de estratégias que enfrentem o grave problema da segurança pública e das desigualdades territoriais, com participação das pessoas que são diretamente afetadas pela violência urbana. Só assim caminharemos para um futuro em que nossas cidades permitirão formas mais justas de se viver, valendo-se, enfim, do capital humano e criativo que tanto se exalta no povo brasileiro.

Tomas Alvim    

É cofundador e coordenador-geral do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper. Também é editor e sócio da BEI Editora

Marisa Moreira Salles

É integrante do Conselho do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, fundadora da BEI Editora e cofundadora do Arq.Futuro

Eliana Sousa Silva

É coordenadora e professora do curso de pós-graduação em Urbanismo Social do Insper e pesquisadora do Núcleo Mulheres e Territórios do Laboratório Arq.Futuro de Cidades. Foi diretora da Redes da Maré

Ricardo Balestreri

É coordenador do Núcleo de Segurança Pública, Urbanismo Social e Territórios do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper

Fonte: https://piaui.folha.uol.com.br/violencia-nao-e-forca-mas-fraqueza/

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ONG SOS Segurança Dá Vida apóia time de Voleibol Feminino DIVAS de Ariquemes/RO

#Avisoaosnavegantes

Segue abaixo documento referente ao apoio do time de Voleibol Feminino DIVAS de Ariquemes do estado de Rondônia é mais uma das modalidades esportivas que a ONG SOS Segurança Dá Vida tem como bandeira prioritária para diminuição da violência na sociedade brasileira.

#Naval

Nesta semana, mais precisamente na data de ontem(18/04), a ONG SOS Segurança Dá Vida que também atua em Rondonia sob a supervisão da Vice Presidente Rosilene Brito, responsável pelo time de Voleyboll feminino Divas da cidade de Ariquemes naquele estado, informou sobre situações do Torneio que estão inscritas para participarem neste próximo final de semana, nos dias 20 e 21/04 do corrente ano e diante dos fatos apresentados, de imediato a diretoria nacional confeccionou documento solicitando atenção ao caso em pauta.

O problema apresentado se trata da arbitragem, onde solicitamos com urgência a inclusão de uma cláusula no regulamento referente à arbitragem do campeonato de voleibol que está sendo organizado pela FUNCET, a qual estipula o impedimento de árbitros que possuam vínculos com os times ou atletas participantes da referida competição. (Como ocorreu no último campeonato em 2023).

De imediato, protocolado o documento, a diretoria da Fundação após conversar com a Vice Presidente Rosilene Brito e se prontificou a acatar a sugestão e solucionar tal fato. Por este motivo parabenizamos ambas as partes envolvidas pela facilidade de conduzir o evento e agradecemos pela celeridade e transparência apresentadas inicialmente. Parabéns a todos!

#equipedosite

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